quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Uma questão de título...

Foi um lugarzinho bem doce que amei
E por essa mesma razão prolonguei
A estadia no útero de minha mãe
E em sítio nenhum, mais tarde, encontrei
Alguém que me amasse assim, eu sei.



Uma luz no fundo do túnel discortinei
Logo que pude, um grande grito dei
Fiquei a saber que o meu berço era simples
Não era de ouro, de prata ou mesmo cetim
E o sangue não era azul, era vermelho, carmim .




Feliz, igual a tantos mais, cresci
Como futuro, ser professora, escolhi
Mas afinal eu precisava de um título
Um cognome, quem sabe, talvez
Senão um ou dois, melhor seriam três.



Porquê, estarão vocês a perguntar
É simples, passo agora a explicar
Professora, chegou durante anos
Bastava para isso leccionar
Mas agora, com afinco, só se for titular.



E isso, meus amigos, não sou
Não posso, meu curso não me bastou
E de bacharel, não pude passar
Mas se queremos ter um Dr, atrás do nome
Meus caros, o melhor é voltar a estudar.



Diz um ditado popular
«Burro velho, não aprende línguas»
mas línguas, eu já sei falar
O que falta mesmo, eu sei
É à ministra conseguir agradar.




Mas isso, não quero, não posso fazer
Os professores estão, em serviço, a envelhecer
E as vagas irão acabar por fechar
Serei professora, até morrer
Titular é que não sei se quero ser
Porque o meu prazer é ensinar
Não é assistir ao que está a acontecer
E muito menos, colegas avaliar!


MUSICALLIS

2 comentários:

BF disse...

a Luta dos Professores... uma no meio de tantas que despontam . será que é o princípio de dizer não? Basta! Já Chega.

Beijinhos
BF

Jorge P. Guedes disse...

"Eles" bem querem desencadear a desconfiança e a desunião entre a classe docente.

Comigo não contam.

Um abraço.